É sempre bom tentar passar um pouco de humor através deste espaço, e como bom português que sou, ou melhor legítimo, gostaria de lembrar duas interessantes passagens ocorridas com os laboriosos e inteligentes jogadores de pelota da terra de além-mar.
Os mais saudosistas devem lembrar-se do famoso guarda-redes Costa Pereira, que defendia o Benfica e por muitas vezes, o arco da seleção portuguesa. Tinha o hábito de jogar com um boné na cabeça. Não testemunhei, mas dizem que durante um jogo acirradamente disputado, o nosso herói havia realizado uma estupenda defesa, fazendo aquela ponte voadora, causando a perda do boné que foi parar dentro do gol. Qual não foi a surpresa dos companheiros e da platéia quando ele, com a pelota nas mãos, dirigiu-se ao fundo do gol para recolher o seu inseparável boné. O árbitro não teve dúvidas e marcou gol para o adversário, o famoso gol do boné.
Outra hilariante passagem de um patrício aconteceu nos idos de 1958 durante amistoso no Morumbi do Benfica contra o São Paulo. È comum tentar invalidar uma jogada de sucesso do adversário com reclamações do juiz sobre a legalidade do lance. Mas neste jogo o guarda-redes português passou dos limites.
O time do Morumbi atacava pela direita, e o arqueiro português ao ver que o centro-avante se posicionava para receber o cruzamento, deslocou-se para o meio da área para interceptar o cruzamento. Ele só não contava com a mudança de direção do ponta-direita, que, em vez de levantar a bola para a cabeçada do centro-avante, invadiu a área, chutou e fez o gol do São Paulo. Inconformado com a improvisação, o goleiro do Benfica não teve dúvidas em gritar para o juiz:
– Não valeu, não valeu! Ele ia cruzar, ele ia cruzar!
É por estas e outras que o futebol continua sendo a alegria do povo.