Nove horas da manhã. Cidade tranqüila. Trânsito normal. Conduzia meu veículo pela Av. Lino Jardim quando um veículo estacionado no meio-fio fez menção de sair. Estava praticamente ao seu lado, e por estar com a preferência, segui em minha direção, não sem antes trocarmos alguns avisos de buzina.
O motorista não me reconheceu, pois ambos os veículos tinham a proteção de filme nos vidros, mas como ele estava com o vidro do passageiro aberto, reconheci-o. Era um companheiro do Rotary.
A história poderia ter terminado aqui, mas por um capricho e para não fugir à regra da instabilidade emocional no trânsito, o dito motorista tentou fechar-me e emparelhou-se ao meu carro, e gesticulando reprovou a minha atitude de não ter lhe dado passagem.
Andamos emparelhados por uns cem metros e na próxima esquina ao dobrarmos a esquerda, ele ainda gesticulando nervosamente, talvez fazendo elogios à minha família, abaixei o vidro do meu lado e como já o havia reconhecido, disse-lhe:
– Pô, companheiro…Pára com isso!
Ao reconhecer-me, a sua expressão irada transformou-se em um sorriso espontâneo, e como depois seguimos caminhos diferentes, não houve tempo de avaliarmos o que aconteceu.
Ao escrever esta crônica ainda não tínhamos conversado, mas tenho certeza que no nosso próximo encontro iremos lembrar deste acontecimento e vamos procurar entender o que se passou.
O mais importante: em tudo isso ficou uma lição. Acontecimentos banais no trânsito podem se transformar em fatos desagradáveis ou até mesmo em tragédias. Felizmente éramos rotarianos e como nos conhecíamos tudo não passou de alguns momentos de nervosismo de um motorista afoito. Ele, claro.
Ah! Querem saber quem era o motorista? É o menos importante, ele continua meu amigo.