Era o ano de 1960 e estava no começo da minha adolescência. Estudava em colégio pago, como se dizia na época, pois naquele tempo era muito difícil cursar o ginásio do Estado. Por isso guardo boas lembranças do Ginásio Santo André do Professor Lazzarini.
Como tinha que ajudar meus pais a pagar o estudo, fui à procura de emprego. Mas o que um pirralho de treze anos poderia fazer? Experiência: nenhuma. Vontade: muita. Fui à luta e com a ajuda de um amigo consegui um emprego como atendente/recepcionista num escritório de advocacia.
Gostaria de destacar quão importante foi este meu primeiro emprego. Também gostaria de registrar o respeito que tive e ainda tenho, apesar de não mais ter contato com esse advogado e meu primeiro chefe, Dr. Luiz Fernando Granzieira da Silva, que ainda milita nos meios jurídicos.
Foi uma fase de despertar para um mundo diferente, onde a criança passa a deixar os seus brinquedos e começa a sonhar com um futuro cheio de realizações.
Lembro-me bem. Ia para o trabalho de ônibus que passava pela Oliveira Lima e parava no Largo da Estátua.
Os tempos eram outros e as atitudes, também. O primeiro salário que recebi, entreguei-o à minha mãe dentro de um envelope que eu mesmo preparei. Era uma satisfação indescritível poder contribuir com os gastos de casa. Em retribuição pelo meu esforço, a minha mãe fez questão de me comprar um par de abotoaduras, que ainda guardo, não só como lembrança, mas principalmente por ter marcado um dos momentos mais sublimes da minha vida.
Quando completei quatorze anos, deixei esse emprego, e segui outros caminhos sempre com o firme propósito de alcançar um futuro melhor, porém sem nunca esquecer o início de tudo que foi a chance que o Dr. Luiz Fernando me ofereceu, para quem rendo a minha homenagem e o mais profundo agradecimento.