Passamos a nossa existência cultivando muitas amizades e no balanço final percebemos que temos muitos colegas, mas poucos amigos de verdade.
Há cerca de quarenta anos, conheci um jovem adolescente que como eu iniciava os flertes próprios da idade. As idas ao cinema com as namoradas e os bailinhos do início dos anos 60, era o que mais no divertia.
Passados alguns anos, cada um seguiu o seu caminho. Como conseqüência de um relacionamento respeitável, cada um de nós construiu sua trajetória. Por uma dessas coincidências que algum plano pode explicar, no mês de fevereiro de 1980 nasceram Mayra, filha do meu amigo e Vinícius, meu e da Gecilda.
Mais alguns anos se passaram, e desde cedo era notória a afinidade que ambos tinham entre si, e no início da adolescência iniciaram o namoro que persiste até hoje.
Não é preciso dizer da alegria e satisfação que os pais corujas revelaram quando souberam da notícia. Este fato, que já dura nove anos, fortaleceu os laços que unem as duas famílias até hoje.
Sempre que possível nos juntávamos naqueles tradicionais encontros caseiros para saborear aquela picanha sabiamente preparada pelo meu amigo. O nosso último encontro aconteceu na nossa maravilhosa Festa Alemã, oportunidade que nos divertimos muito ao som de uma alegre e contagiante música, saboreando o eisbein com chucrute regado com o delicioso chopp. Além disso, o meu amigo era um exímio contador de casos e sempre nos brindava com eles em qualquer momento que o encontrávamos.
Uma semana depois da nossa festa o meu amigo tratou de nos pregar uma peça. Entendeu que já tinha nos divertido muito e transmitido lições de humildade e de bom caráter. Por isso achou melhor continuar a fazer isso em outros ambientes por nós desconhecidos, e sem dizer nada, nos deixou. Sim, partiu para um plano superior, mas não sem deixar registrado um exemplo de dedicação à família, respeito ao semelhante, e, ironicamente, um grande coração, o mesmo que o tirou do nosso convívio.
Fica a flor plantada por ele e sua esposa. Fica a certeza que a Mayra e o Vinícius saberão seguir seus ensinamentos, perseverando na tarefa de dar seguimento a disseminar apenas o bem que ele sempre apregoou.
Puxa Horácio, por quê você aprontou essa conosco?
Uma resposta em “Perdi um Amigo”
Até hoje me emociono ao ler essa cronica que foi escrita por você de forma tão carinhosa. Obrigada por todo apoio que você deu a toda nossa família quando mais precisamos. As palavras de carinho que você dirigiu ao meu pai nesta linda passagem me fazem lembrar, sempre que as leio, o grande homem que ele foi. Muito obrigada por tudo Nali.
Mayra