Pode-se afirmar que o olfato é um sentido que proporciona regressão no tempo fazendo nos lembrar de cenas e momentos inesquecíveis. Por mais longo o período que se passou determinado acontecimento, é imediata a sua lembrança se associarmos o aroma que predominava naquele instante. O perfume tem essa propriedade.
Eduardo é um eterno apaixonado. Desde a adolescência revelava inocência e pureza no trato com as pessoas, principalmente com as do sexo oposto. Não era namorador, mas apaixonava-se facilmente. Podia-se dizer que era o genro que muitas sogras gostariam de ter. Estudioso, de boa família e educado era o menino modelo entre os garotos de sua geração.
Talvez por ser tão correto, não conseguia relacionar-se por muito tempo com as namoradas, até que encontrou a sua alma gêmea. Raquel era uma jovem no início da adolescência, com muita alegria de viver, descontraída e de boa família, como Eduardo. Tinha uma peculiaridade que atraía Eduardo. Adorava perfumar-se. Nunca saia de casa sem antes passar uma colônia cuidadosamente escolhida para o ambiente que iria freqüentar. Sabia cativar as pessoas pela sua própria desinibição e tinha consciência que o que mais agradava Eduardo era o seu aroma de rosas, como ele costumava dizer.
Ela era tão charmosa e chamava tanto a atenção que começou a preocupar Eduardo. Nas festas que freqüentavam, naturalmente era a jovem mais apontada por todos os presentes. Isso deixava Eduardo enciumado, mas sua paixão por ela era tamanha que preferia enfrentar o dissabor de ser ignorado por seus colegas do que perder a sua grande paixão.
Para tudo há um limite. Com o passar do tempo a situação começou a ficar insustentável. As atenções dela não estavam apenas se dirigindo ao namorado. Os seus olhares começaram a mirar outros alvos e aos poucos a paixão pelo namorado também começou a esfriar. O mesmo não ocorria com Eduardo, que mesmo sabendo do comportamento da amada, não admitia perdê-la para outro pretendente. Não conseguia imaginar ficar longe do aroma de rosas que inebriava aquela união.
Infelizmente, após dois anos de romance aquele relacionamento teve fim. Ambos seguiram seus destinos, pois eram jovens e novas oportunidades de relacionamento certamente apareceriam.
Não se sabe o que aconteceu com Raquel, embora se possa imaginar que continuou cativando os seus amores com o inefável aroma das rosas.
E quanto ao nosso amigo Eduardo, qual seria o seu destino? Já se passaram dez anos daquela paixão tórrida e ele jamais conseguiu encontrar-se com alguém para dividir o seu coração. Toda vez que tentava, vinha à sua mente aquele aroma inconfundível e ele lamentava não o sentir mais com as poucas namoradas que estiveram em seus braços. Hoje vive feliz à sua maneira. É proprietário de uma grande rede de cosméticos e perfumarias e a sua especialidade é orientar seus clientes quanto aos melhores aromas e essências disponíveis no mercado, e realiza-se quando convence alguém que o perfume com aroma de rosas é o que mais representa o amor, a paixão e os felizes momentos do passado.