Para quem fala algum idioma ou está aprendendo, sabe quão difícil é assimilar e dominar qualquer língua estrangeira. Nos dias atuais é uma exigência falar, pelo menos, o idioma inglês, pois as oportunidades no mercado de trabalho, estabelecem como pré-requisito, o conhecimento desta língua. Daí, concluirmos que é extremamente necessário adequar-nos aos novos requisitos.
É comum afirmarmos que estudar uma língua estrangeira é muito difícil. Algumas pessoas têm mais aptidão e assimilam melhor o aprendizado. Porém a recíproca também é verdadeira. Imaginem o sofrimento para os estrangeiros aprenderem a nossa língua portuguesa. Quem não admite que, mesmo tendo o português como língua nativa, sente dificuldade em entender todas as regras? Imaginem um estrangeiro aprendendo a falar a frase:
- Olhe como é que eu estou; e chegar ao Brasil e ouvir alguém falar:
- Ó coméqueutô;
ou ainda
- Deixa eu ver isso; e ouvir:
- Xô vê o troço aí.
O indivíduo vai achar que desembarcou no país errado. Pois saibam que isso acontece também com os tupiniquins que chegam aos Estados Unidos, por exemplo. Depois de muitos anos estudando a língua, pensando que estão aptos a deslanchar na conversação, ao lá aportarem têm uma desagradável surpresa, pois lá também se fala de uma maneira bem diferente daquilo que aprendemos na escola. Isto ocorre principalmente quando se pede algo na lanchonete. É comum a atendente oferecer vários tipos de molhos para escolher apenas um, porém numa velocidade lingüística de fazer inveja a um corredor de fórmula 1, e a gente responder apenas “yes”.
Mas o que me inspirou a escrever estas linhas, foi uma conversa que presenciei entre um casal amigo. O marido estava convidando a esposa a ir a um restaurante de comida japonesa. Como ela não conhecia o restaurante, fez a seguinte pergunta:
- Tem kishiki?
O marido não entendeu e pediu para repetir a pergunta. E ela:
- Tem kishiki?
Pensando tratar-se de um novo prato da culinária japonesa, respondeu:
- Sushi e sashimi, deve ter…kishiki não sei não…
Nesse momento, a esposa já estava perdendo a paciência, para espanto do marido, que não entendia porque ela estava exaltada.
Foi quando ela perguntou mais uma vez, com disfarçada calma e de forma compassada:
- Tem – que – ir – chique? (referindo-se ao traje)
Não preciso dizer qual foi a reação de ambos, quando notaram que um falava japonês e outro grego.
É por isto que podemos afirmar que nossa língua portuguesa é realmente rica e fantástica.