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Avó do meu amigo

É muito comum entre nós, guardar ou preservar alguns bens e objetos, deixando de usá-los por entender que poderão se estragar ou mesmo quebrar. O impulso natural em preservá-los, cria, entretanto, uma certa dose de frustração, pois não podemos “sentir o gosto” em usufruirmos tais relíquias.

Acredito que todos nós temos na família alguém com este sentido. Ouvi uma história recente de um amigo cuja avó faleceu aos 95 anos, e guardava a sete chaves um belo aparelho de jantar da mais fina porcelana. Segundo ela, esta raridade era para ser usada apenas em ocasiões especiais. Porém, como a vida é curta, a dita senhora morreu sem experimentar a satisfação de sentar-se à mesa para uma refeição especial, por entender que ainda não havia chegado a hora de estrear o fino aparelho. Este mesmo amigo, o neto da história, logo após o falecimento da avó, colocou em uso aquilo que ela mais admirava, usufruindo o prazer e alegria por estar utilizando tão preciosa herança.

Nesta mesma linha de raciocínio, também é natural que guardemos aquela roupa nova ou a mais bonita para momentos especiais. Preferimos vestir aquela camisa mais velha, porém já acostumados a ela, ou aquele par de sapatos pedindo meia-sola, do que calçar o par recentemente comprado, pois agindo desta forma ele poderá estragar-se mais depressa.

Hábitos são hábitos. Cada um age à sua maneira, e não estamos aqui para dar a receita, mesmo porque não a conhecemos. Gostaria sim de lembrar que devemos aproveitar tudo aquilo que está ao nosso redor para nos proporcionar conforto e principalmente felicidade. Quem não aprecia jantar servido em um fino aparelho de porcelana, degustando um bom vinho em taça de cristal, ou mesmo trajar uma roupa nova? Claro que nem todos têm condições para isto, mas entre nós, somos muitos que passamos por esta experiência.

Portanto, vamos aproveitar as coisas boas da vida que nos proporcionam alegria e felicidade, antes de irmos fazer companhia à avó do meu amigo.