Inspirei-me no programa que a TV Record está apresentando sobre os seus 50 anos, para escrever estas mal traçadas linhas. Portanto, peço licença aos prezados companheiros e usar este espaço para refletir um pouco sobre a fase dos anos 60 que tanto encantou a muitos de nós.
Pode ser que os mais novos ainda não tivessem nascido, e os mais velhos já se esqueceram daquelas tardes de domingo onde toda a atenção era voltada para o programa da jovem guarda. Revendo as gravações da época, tudo parece meio antigo e, as vezes, por tanta simplicidade, beira à ingenuidade.
Alguns dos companheiros estavam naquela época entrando ou vivendo o período da adolescência. A atração pelo sexo oposto já se manifestava, e os namoricos às escondidas nos tornavam mais homens do que pensávamos ser. Passávamos por um período de auto-afirmação, crescemos e nos criamos junto a uma geração que ainda não conhecia e tampouco convivia com o mundo atual das drogas e outros vícios.
Ah! Que saudades da brilhantina no cabelo, das calças boca de sino e daquelas expressões que eram as gírias da juventude, como: É uma brasa, mora! – camarada barra limpa – bidu – boco moco, e do boneco mug. Também, como bancário que era na época, não posso esquecer que para descontar um cheque, nos dirigíamos ao banco, onde conhecíamos todos os funcionários, pegávamos uma chapinha de metal numerada, e após sermos chamados pelo número, nos dirigíamos ao caixa e recebíamos o dinheiro.
Seria muita pretensão afirmar que aquela geração era melhor do que a atual. Os valores são outros. A tecnologia da comunicação, com o advento e total domínio da Internet, tornou o mundo mais ágil possibilitando a nós e principalmente aos nossos filhos, maiores recursos para o aprendizado e desenvolvimento profissional.
Não me sinto tão velho assim, tampouco sou contra a modernidade, mas até por ser adepto do romantismo, prefiro recordar a minha adolescência ouvindo expressões como as acima citadas, do que conviver diariamente com os modernos comandos, tais como: acessar o site – enviar e-mail – deletar mensagem – fazer download, expandir a memória, etc, ou ter que ficar travado na porta rotatória de um banco, precisando passar pelo constrangimento de ficar quase nu para poder entrar.