Uma das suas especialidades é preparar uma deliciosa sopa de grão de bico. Nesta arte acredito que ninguém a supera. Com esmero e principalmente com muito amor, é capaz de saciar o apetite de uma numerosa família. Nem tanto pelo apetite, mas, principalmente, pelo fato de conseguir reunir a família em torno de uma mesa e ansiosos esperarem pela tão desejada iguaria.
Não é apenas esse predicado que a qualifica como uma pessoa especial. A sua atitude em servir os seus entes queridos também é outro aspecto notável. Sabe o gosto e a preferência de todos. Por isso gosta de preparar os pratos individualmente com a quantidade exata, contendo os ingredientes que cada um mais aprecia. Com requintado bom gosto compõe a mesa com pratos de porcelana cuidadosamente guardados para estas ocasiões especiais. Faz questão que seus convidados sintam-se bem, oferecendo-lhe carinhosamente o melhor que possui. Parece que o seu coração está ali em cada prato servido.
Como todo imigrante, passou dificuldades no passado. Com muito sacrifício reiniciou a vida junto com o marido neste país acolhedor há mais de cinco décadas. Com seu trabalho e tenacidade deu ao filho muito amor e afeto. Pode-se dizer que tirava da sua boca para dar a ele aquilo que gostava.
Todos os anos, principalmente no seu aniversário, tem a família no seu entorno. Ao ouvir o “Parabéns a Você” cita sempre a mesma frase: “Será que vou estar aqui no ano que vem?” Diga-se que a família ouve isso há muitos anos e espera continuar ouvindo por muitos outros.
Voltando a sopa de grão de bico quero dizer que ainda sinto o seu sabor misturado com o sabor de mãe prestativa, pois acabo de participar daquela reunião familiar para ajudar a consumir o prato tão desejado. E ouvi novamente a mesma frase. Para uma mulher que completou 91 anos e tem uma família maravilhosa, deve ser gratificante ter ao seu redor muito carinho e atenção.
E que Deus permita que possamos por muitos anos ouvi-la dizer: “Será que vou estar aqui no ano que vem?”.